terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

CAOS NO IML DA CAPITAL

Corpos enterrados sem nome

Abandono e sujeira: as salas onde são realizadas as necropsias estão sem nenhuma condição de funcionar pela absoluta falta de higiene. Ali falta até água (Foto: Patrícia Araújo)

Geladeiras quebradas: as câmaras de resfriamento e conservação de cadáveres estão quase todas sem funcionar há tempo. Apenas uma está ligada e só comporta dois corpos

Reforma anunciada: do lado de fora do prédio, na Avenida Leste-Oeste, uma enorme placa anuncia a reforma. A reconstrução pode se arrastar por mais de um ano (Foto: Adriana Pimentel)

A falta de geladeira para manter os cadáveres até serem identificados obrigou a direção do órgão a sepultá-los

Pelo lado de fora, um prédio imponente, de arquitetura arrojada, de frente para o mar. Mas, do lado de dentro, podridão e abandono. Esta é a real situação do atual Instituto Médico Legal Doutor Walter Porto, de Fortaleza. Por conta da falta de geladeiras para o armazenamento dos cadáveres de indigentes, a direção do órgão adotou uma medida drástica: para não acumular os corpos no necrotério, e ali entrarem em estado de decomposição, estes estão sendo enterrados rapidamente, sem qualquer tipo de identificação.

O fato tem provocado constrangimento e revolta nas famílias que perdem seus entes queridos e não conseguem localizá-los antes de serem enterrados na vala comum em um cemitério público da periferia sul da Capital.

Na semana passada, a reportagem do Diário do Nordeste apurou junto aos funcionários do órgão que apenas uma das três câmaras (geladeiras) que existem para manter os corpos dos indigentes está funcionando. Mesmo assim, ela só comporta dois cadáveres.

“Não estamos mais esperando as famílias aparecerem. Quando a geladeira está com dois corpos, logo é providenciado o enterro. Os corpos são enterrados no cemitério do Bom Jardim. Não há outra coisa a fazer, infelizmente”, revela um dos servidores.

Os enterros deixaram de ser coletivos - aqueles em que vários corpos são levados para sepultamento numa só vala. Agora, corpos de indigentes são mandados praticamente todos os dias para o cemitério público do Bom Jardim.

A informação foi obtida com exclusividade pela reportagem com a promessa de não identificar os funcionários. Eles temem sofrer represálias - como já aconteceu em oportunidades anteriores. Se forem identificados, são chamados para responder processo disciplinar na Secretaria da Segurança Pública e sindicância na Corregedoria Geral dos Órgãos de Segurança Pública. A possibilidade de serem demitidos os obriga a se manterem no anonimato, embora convivendo, todos os dias, com a desestrutura do órgão e enfrentando riscos de contrair doenças graves.

Já as famílias daqueles que morrem nas ruas, em casa ou hospitais e que não são identificados, correm sério risco de não encontrá-los nunca mais. Nem mesmo terão o direito de enterrá-los dignamente.

Quebradas

A reforma do IML deverá ser iniciada no próximo mês. O prédio, que há anos sofre com problemas nas suas instalações, como infiltrações, banheiros danificados, câmaras, para armazenar corpos, quebradas, entre outros problemas, terá sua estrutura física totalmente modificada, assim como todas as instalações elétricas e hidráulicas. Esta é a promessa do Governo do Estado.

O processo licitatório para reforma do IML e os demais órgãos que funcionam em seu entorno, como Instituto de Criminalística (IC), conforme a Secretaria da Segurança Pública, está em fase de conclusão e o custo da obra dever ficar em torno de R$ 8 milhões.

De acordo com o gerente-geral da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), Maximiano Chaves, durante o período de reconstrução do IML, estimado em 12 meses, os atendimentos serão realizados em outros locais.

Apenas o local em que serão feitos os exames de necropsia já foi escolhido. Segundo Chaves, todos os funcionários e a estrutura utilizada para análise dos corpos vítimas de mortes violentas serão realocados no Serviço de Verificação de Óbito (SVO), do Governo do Estado.

O órgão está situado em Messejana por trás do Hospital do Coração e recebe corpos de pessoas cuja causa da morte tenha sido ´natural´ (vítimas de doenças ou fatores ignorados).

Os funcionários do IML afirmam não saber se a estrutura do SVO conseguirá atender à sua própria demanda, Levando em conta que o IML recebe diariamente uma média de 12 corpos para serem necropsiados, Sem contar com feriados prolongados, como por exemplo, os dois últimos que corresponderam ao Natal e Ano-Novo, quando mais de uma centena de cadáveres chegaram ali.

CAOS NO IML DA CAPITAL

Corpos enterrados sem nome

Abandono e sujeira: as salas onde são realizadas as necropsias estão sem nenhuma condição de funcionar pela absoluta falta de higiene. Ali falta até água (Foto: Patrícia Araújo)

Geladeiras quebradas: as câmaras de resfriamento e conservação de cadáveres estão quase todas sem funcionar há tempo. Apenas uma está ligada e só comporta dois corpos

Reforma anunciada: do lado de fora do prédio, na Avenida Leste-Oeste, uma enorme placa anuncia a reforma. A reconstrução pode se arrastar por mais de um ano (Foto: Adriana Pimentel)

A falta de geladeira para manter os cadáveres até serem identificados obrigou a direção do órgão a sepultá-los

Pelo lado de fora, um prédio imponente, de arquitetura arrojada, de frente para o mar. Mas, do lado de dentro, podridão e abandono. Esta é a real situação do atual Instituto Médico Legal Doutor Walter Porto, de Fortaleza. Por conta da falta de geladeiras para o armazenamento dos cadáveres de indigentes, a direção do órgão adotou uma medida drástica: para não acumular os corpos no necrotério, e ali entrarem em estado de decomposição, estes estão sendo enterrados rapidamente, sem qualquer tipo de identificação.

O fato tem provocado constrangimento e revolta nas famílias que perdem seus entes queridos e não conseguem localizá-los antes de serem enterrados na vala comum em um cemitério público da periferia sul da Capital.

Na semana passada, a reportagem do Diário do Nordeste apurou junto aos funcionários do órgão que apenas uma das três câmaras (geladeiras) que existem para manter os corpos dos indigentes está funcionando. Mesmo assim, ela só comporta dois cadáveres.

“Não estamos mais esperando as famílias aparecerem. Quando a geladeira está com dois corpos, logo é providenciado o enterro. Os corpos são enterrados no cemitério do Bom Jardim. Não há outra coisa a fazer, infelizmente”, revela um dos servidores.

Os enterros deixaram de ser coletivos - aqueles em que vários corpos são levados para sepultamento numa só vala. Agora, corpos de indigentes são mandados praticamente todos os dias para o cemitério público do Bom Jardim.

A informação foi obtida com exclusividade pela reportagem com a promessa de não identificar os funcionários. Eles temem sofrer represálias - como já aconteceu em oportunidades anteriores. Se forem identificados, são chamados para responder processo disciplinar na Secretaria da Segurança Pública e sindicância na Corregedoria Geral dos Órgãos de Segurança Pública. A possibilidade de serem demitidos os obriga a se manterem no anonimato, embora convivendo, todos os dias, com a desestrutura do órgão e enfrentando riscos de contrair doenças graves.

Já as famílias daqueles que morrem nas ruas, em casa ou hospitais e que não são identificados, correm sério risco de não encontrá-los nunca mais. Nem mesmo terão o direito de enterrá-los dignamente.

Quebradas

A reforma do IML deverá ser iniciada no próximo mês. O prédio, que há anos sofre com problemas nas suas instalações, como infiltrações, banheiros danificados, câmaras, para armazenar corpos, quebradas, entre outros problemas, terá sua estrutura física totalmente modificada, assim como todas as instalações elétricas e hidráulicas. Esta é a promessa do Governo do Estado.

O processo licitatório para reforma do IML e os demais órgãos que funcionam em seu entorno, como Instituto de Criminalística (IC), conforme a Secretaria da Segurança Pública, está em fase de conclusão e o custo da obra dever ficar em torno de R$ 8 milhões.

De acordo com o gerente-geral da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), Maximiano Chaves, durante o período de reconstrução do IML, estimado em 12 meses, os atendimentos serão realizados em outros locais.

Apenas o local em que serão feitos os exames de necropsia já foi escolhido. Segundo Chaves, todos os funcionários e a estrutura utilizada para análise dos corpos vítimas de mortes violentas serão realocados no Serviço de Verificação de Óbito (SVO), do Governo do Estado.

O órgão está situado em Messejana por trás do Hospital do Coração e recebe corpos de pessoas cuja causa da morte tenha sido ´natural´ (vítimas de doenças ou fatores ignorados).

Os funcionários do IML afirmam não saber se a estrutura do SVO conseguirá atender à sua própria demanda, Levando em conta que o IML recebe diariamente uma média de 12 corpos para serem necropsiados, Sem contar com feriados prolongados, como por exemplo, os dois últimos que corresponderam ao Natal e Ano-Novo, quando mais de uma centena de cadáveres chegaram ali.

domingo, 2 de novembro de 2008

Pecém estima receber R$ 1,8 bi

Para garantir a expansão do porto para dar suporte à nova realidade econômica cearense que se anuncia, o Terminal Portuário do Pecém prevê investimentos pesados até 2014.

Neste período, deverão ser alocados recursos que superam os R$ 1,8 bilhão, e incluem obras de grande porte como a construção do Terminal de Múltiplo Uso (TMUT), do Terminal de Gás Natural (TGAN) e de píeres petroleiros para refinaria. Somente até 2010, espera-se que sejam investidos R$ 669,7 milhões, dos quais mais da metade irão para o TMUT.

O preço previsto da obra era de R$ 375 milhões, mas, no processo de licitação que se desenrola, o valor foi fechado em R$ 340 milhões.

A proposta de uma das empresas foi aprovada, mas as outras envolvidas entraram com recurso. A obra tem prazo de execução de 24 meses e investimentos provenientes do Tesouro Estadual e do banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Descarregador

O descarregador de carvão, orçado, R$ 50 milhões, deverá ser licitado até o fim do ano. Ele irá descarregar o carvão a ser utilizado pela termelétrica MPX, que já está em processo de instalação no Pecém. A tecnologia de descarregamento a ser utilizada está sendo estudada.

Outros três descarregadores também estão planejados para o Pecém. Ao todo, serão dois equipamentos novos para descarregar carvão e dois para minério. Entretanto, dois destes não estão programados nos investimentos até 2014.

Somente para a siderúrgica, o Pecém precisará movimentar 4700 toneladas/hora de carvão, chegando a seis mil toneladas/hora se acrescentada a demanda das termelétricas.

O porto já conta, desde o ano 2000, com dois descarregadores, que estão parados. Um deles é multi, ou seja, também pode ser utilizado para descarregar carga geral.

Bloco de utilidades

O Bloco de Utilidades e Serviços (BUS) é uma das obras de menor custo (R$ 3,6 milhões) entre as planejadas, mas vai resolver um gargalo que foi sendo criado com o aumento da movimentação do porto e a sua remodelação para uma realidade sem refinaria nem siderúrgica, que é a falta de estrutura para pessoas.

“O porto foi planejado para meia dúzia de pessoas, mas agora estamos construindo um prédio que dará este apoio. As obras começaram em agosto e levam oito meses”, informa o presidente da Cearáportos, Erasmo Pitombeira.

Berço para exportação

Até 2012, serão outros R$ 422 milhões, tendo como obra mais cara (R$ 102 milhões) a construção do berço para exportação de placas, que escoará a produção da siderúrgica. Depois, virão outros R$ 734 milhões, com destaque para a implantação dos dois píeres petroleiros da refinaria Premium II, que demandarão recursos de R$ 206 milhões.

Mas, e de onde virá tamanha soma de dinheiro? “Vai vir de algum canto. Se o governo demanda, ele terá como encontrar um meio de arcar.

Talvez venha o BNDES, ou talvez de PPPs [Parcerias Público-Privadas], nós estamos estudando isso”, afirma. (SS)

Escoamento é complicado

Do meio para o fim da semana, o quadro vem se repetindo. Uma enorme e indignada fila de caminhões se alastra pelo Porto do Pecém, com motoristas impacientes esperando a sua vez de descarregar a carga trazida de longe. Neste período da safra de frutas, torna-se evidente que o terminal já está extrapolando a sua capacidade de servir, de forma satisfatória, à exportação da fruticultura vinda do Interior e de vários outros Estados do Nordeste.

No pátio, os contêineres se amontoam, fazendo fileiras de cinco andares, empilhamento máximo por lá. A quantidade de frutas — o Pecém é o maior exportador destes produtos do País — a serem levadas ao exterior é tanta, que as 645 tomadas refrigeradoras de contêineres vão se tornando insuficientes. Outras 256 foram licitadas, mas só devem estar instaladas para a safra do ano que vem.

Estrutura x demanda

Mas este não é o único problema. Na verdade, as filas vão se formando por um outro motivo: a incapacidade do ´gate´ (portão de entrada) de despachar a demanda atual. “O gate não era pra isso, não estávamos preparados. Nós fomos colocando balanças, o porto foi operando de modo mais sólido, mas com deficiências. Estamos com um porto mais ou menos organizado. Mas quando tem carga pesada, tem esse problema no gate de entrada”, admite Pitombeira. A chegada de contêineres cresce numa velocidade mais rápida que a estrutura.

A demora na descarga preocupa o setor da fruticultura, que teme uma perda nos lucros com a negociação destes produtos perecíveis. Esta preocupação já havia sido antecipada pelo Diário do Nordeste desde abril último.

Mas o presidente da Cearáportos garante que a problemática será solucionada, mas somente para a safra próxima. A adaptação da entrada, projeto estimado em R$ 230 mil, já foi enviada à licitação, segundo afirma o executivo.

Além disso, já foram comprados três novos geradores a diesel, os chamados Power Packs, que possuem acopladas, cada um deles, 48 tomadas refrigeradoras para contêineres. O valor da compra foi de R$ 330 mil. Outras três geradores foram alugados para atender à demanda atual.

Também para agilizar a fiscalização da carga que sai e entra no porto, o Pecém contará com um scanner, aparelho que identifica a carga dos contêineres sem que seja preciso abri-los para inspecioná-los. O aparelho é orçado em R$ 7,5 bilhões, e já foi licitado pela Receita Federal (PF).

“Foram licitados 22 scanneres, e estamos na listagem. O nosso já foi comprado, só falta receber. Não dá para saber quando chega, pelo menos, já se chegou a algumas etapas. Tenho certeza que estará aqui para safra do ano que vem”, afirma, categoricamente, Erasmo Pitombeira. (SS)

CARGA FRIA

256 novas tomadas refrigeradoras de contêineres foram licitadas, mas só devem estar instaladas no Porto do Pecém para a safra de frutas do ano que vem, segundo a Cearáportos

Mucuripe quer ser um dos melhores portos em 2009

Porto do Mucuripe enfrenta problemas, como a questão do acesso, que vem sendo olhada com maior atenção e deve receber recursos federais para implantar melhorias


Localizado na enseada do Mucuripe, o Porto de Fortaleza possui ainda características antigas de um equipamento que iniciou as suas atividades há 55 anos. O atraso em muitos aspectos tecnológicos, assim como estruturais, fazem dele um porto problemático. Entretanto, segundo o presidente da Companhia Docas — responsável pela sua administração —, Sérgio Novais, o equipamento deve receber reforço com recursos do Governo Federal e espera, segundo ele, até o fim do próximo ano, ser considerado um dos melhores do Brasil. Para chegar lá, o caminho ainda é longo, muito ainda precisa ser feito. Para começar, é preciso cuidar da questão do acesso rodoviário, complicado pelo fato de o porto se colocar dentro da cidade.

“O problema realmente existe. Estamos usando como principal corredor de acesso a Via Expressa, que atravessa a cidade e sofre de congestionamentos. Entretanto, esperamos que o projeto da ponte do Rio Cocó, projeto dos governos estadual e federal, resolva o problema, abrindo acesso para as BRs e CEs”. Novaes espera que a obra esteja concluída em um ano. “Teremos uma solução em curto prazo. Já existe determinação política para isso”, afirma.

O projeto está sendo desenvolvido pela Secretaria de Infra-estrutura (Seinfra), e o edital deverá ser lançado no início do ano que vem.

“O Governo do Estado garantiu a Maestro Lisboa, a via que liga a Sabiaguaba até Washington Soares. Ali vai ser a largada. E o governo está também avaliando a possibilidade de fazer a junção com o anel viário, saindo pela ponte de Sabiaguaba e ir até o anel viário, e fazer a ligação direto com as rodovias, as CEs e BRs”, explica Novais. Já em relação ao transporte ferroviário, ele admite não ter muitas perspectivas de alteração dos problemas. O porto atualmente recebe toda a produção de combustível do Estado, cujo transporte é através da linha ferroviária.

“Estamos na expectativa do plano diretor de Fortaleza, que está sendo votado na Câmara, e, no Estado, o Plano de Desenvolvimento Portuário Integrado. Esperamos o aprimoramento do sistema viário e precisamos ver como está contemplada a questão das passagens de nível. Uma das dificuldades do trem é que a velocidade dentro da cidade é muito pequena, por causa das passagens de nível. Vamos ver se vai contemplar viaduto, se vamos ter vias expressas...”, aponta. A médio prazo, entretanto, esse transporte deverá ser transferido ao Porto do Pecém, onde serão construídos o Terminal Aquaviário do Pecém (Tecém) e o de Regaseificação do Pecém (TGAN). (SS)

Produção pode chegar a 9 mi

O projeto já mudou por várias vezes, e até agora ainda não se tem uma definição precisa. De um projeto de produção de 1,5 milhão de toneladas/ano de placas de aço, a siderúrgica cearense já prevê, agora, fabricar 9 milhões de toneladas anuais do produto, ou seja, seis vezes o que previa o projeto inicial, da antiga Ceara Steel. A informação é do diretor de Implantação e Expansão da Cearáportos, Luiz Hernani Júnior, que se envolve na elaboração dos projetos de expansão do porto que irão permitir o escoamento de toda essa fabricação.

A Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), através de sua assessoria de imprensa, confirmou ao Diário do Nordeste essa possível nova ampliação. Por conta de tantas mudanças, a estrutura de escoamento do terminal portuário precisou ser completamente repensada, e continua sendo.

A área que deverá garantir esse transporte está, agora, ainda em fase de feitura do projeto para licitação. Mas os projetos ainda ficam na patamar do “se tal modelo se confirmar”.

Isso ocorre porque os prazos e quantidade de produção inicial da CSP ainda estão em definição. Tudo depende da entrada, ou não, da japonesa JFE Steel no consórcio hoje formado pela Vale e a coreana Dongkuk Mill Co.

De acordo com a assessoria da CSP, caso a JFE se integre ao projeto, a usina iniciará sua produção, já em 2014, com 9 milhões de toneladas, em uma única fase. Já no cenário sem a empresa, serão seis milhões de toneladas em duas fases, uma em 2012 e outra em 2014.

A Secretaria de Infra-estrutura do Ceará (Seinfra) está contratando um projeto para a ampliação do píer do TMUT (Terminal de Múltiplo Uso), com a construção de novos três berços, que irão se destinar à exportação das placas. Em 2012, a CSP poderá iniciar a sua exportação por um destes berços que já deverá estar pronto. Caso fosse necessário mais espaço para escoamento, Hernani explica que a siderúrgica poderá operar “nas janelas abertas do TMUT”. Isso porque, fora o período de safra, a movimentação de contêineres no píer ficará reduzida, abrindo espaço para o envio das placas por este local. (SS)

PROJETO

1,5 milhão de toneladas de placas de aço é a produção prevista inicialmente para a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP)

Porto cearense tem baixa avaliação

Os portos brasileiros, em geral, ainda estão distante de alcançar um nível de excelência. Os gargalos nestes equipamentos passam por dificuldades no acesso rodoviário, profundidade insuficiente do calado, má infra-estrutura de armazenagem, altas tarifas, entre outros obstáculos enumerados.

No Ceará, a situação não é diversa. Apesar de possuirmos um porto considerado moderno, o do Pecém, a estrutura portuária no Porto do Mucuripe ainda deixa muito a desejar, a ponto de ter sido considerado, em estudo recente, como deficiente, a pior entre as classificações utilizadas.

Ranking

A avaliação, feita pelo Centro de Estudos em Logística (CEL) — órgão pertencente ao instituto pós-graduação pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) —, colocou o porto de Fortaleza como o terceiro pior entre os 18 observados, ficando à frente apenas dos de Vitória e Salvador.

A nota, creditada por embarcadores das 500 maiores empresas exportadoras do País, ficou em 5,7, em um ranking de 0 a 10. A média nacional ficou em 6,3. De acordo com o estudo, o porto piorou exatamente entre os anos de 2005 e 2007.

De acordo com o diretor do CEL, Paulo Fleury, responsável pelo estudo, o Porto do Mucuripe encontra-se em um sério impasse estrutural: está inserido dentro da cidade de Fortaleza, um dos centros urbanos que mais crescem no País.

A conseqüência disso é que o porto encontra dificuldades no transporte terrestre, cujas mercadorias têm que enfrentar engarrafamentos e estradas em mau estado de manutenção para chegar ao destino.

´É um porto fadado a morrer, sofre constantemente com a ameaça de fechar. Quando o Pecém, que é um porto novo, crescer, o Mucuripe tende a ser substituído´, sentencia o pesquisador. Além deste problema, ele ainda ressalta o congestionamento no espaço, que não possui áreas suficientes de armazenamento de mercadorias.

Pecém

Apesar da importância que desempenha no comércio exterior no Ceará, sendo o principal ponto de escoamento das mercadorias exportadas, o Porto do Pecém não foi citado no estudo do CEL. De acordo com o professor Fleury, isso ocorreu porque, pelo fato de o terminal ser relativamente novo, apenas três das empresas pesquisadas citaram o complexo portuário, enquanto que a média de avaliações de cada porto ficou em cerca de 25 citações. (SS)